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O ministério pastoral da oração e da Palavra

  • 14-03-2025 20:24

  • O ministério pastoral da oração e da Palavra

    Há no Novo Testamento duas palavras que são, em tese, sinônimas do conceito institucional da igreja apostólica: bispo e pastor.

    Muito se discute a respeito de que uma ou outra é mais importante, mas como já dissemos, essas palavras, na grande maioria dos textos são sinônimas.

    Na igreja pós-moderna, essas palavras, de fato, ressoam como sinônimas.

    Uma vez que certos pastores assumem posturas episcopais.

    Do ponto de vista gramatical, o pastor tem a perspectiva de acolhimento e diligência, enquanto o bispo é aquele que supervisora com olhar mais panorâmico.

    De fato, parecem até ser dois lados de uma única moeda.

    Como líder de uma organização, o pastor é bispo e vice-versa.

    De fato, este artigo não quer discutir o que está certo ou errado nisso, nem mesmo tecer críticas irrelevantes para o ministério pastoral na atualidade.

    A nossa proposta aqui é voltar às bases bíblico-teológicas da real função bispo-pastor.

    Na 1ª Carta de Paulo a Timóteo, especificamente o capítulo 3, é vista como “exhortatio episcopalis” – a exortação episcopal – sobre a liderança da igreja e seu comportamento.

    Aqui, o santo apóstolo enumera o perfil daquele que apascenta o rebanho de Jesus Cristo.

    Em Atos 6:1-6, os discípulos chamam a assembleia de crentes para escolher pessoas para servirem às mesas, a fim de que não se perca o ofício apostólico: a oração e a Palavra.

    Os primeiros líderes da igreja depois de passarem três anos e meio sendo discípulos de Jesus, agora são enviados (significado da palavra “apóstolo”) para apascentar o povo (Mateus 16:15) que Jesus comprou com seu precioso sangue na cruz do calvário (Apocalipse 5:9).

    Posto isso, o ofício daqueles que receberam do próprio Senhor era interceder e pregar o crucificado-ressuscitado para a remissão dos pecados de muitos que os ouviam.

    Mas a igreja-crescente encontra seu primeiro desafio: o excesso de atividades extraoficiais.

    Daí, pelo Espírito Santo, a liderança da igreja instituiu o diaconato, sendo Estevão o principal dele – e, o primeiro mártir do cristianismo (Atos 6-7).

    Contudo, o problema nos dias de hoje é que uma boa parcela dos nossos pastores raramente pregam nas igrejas que lideram.

    Com tantas funções administrativas – e outras até extrabíblicas – pouco tempo sobra para se dedicar aos ministérios da oração e da Palavra.

    Daí surge a necessidade dos pregadores – aquela antiga função do evangelista que anunciava as boas novas – agora é praticamente um ofício do púlpito, pois o pastor local nunca consegue pregar na “sua” própria igreja.

    Amados irmãos, uma igreja que não aprecia a exposição das Escrituras através do seu próprio pastor, como pode ser apascentada por ele? A Exposição da Palavra de Deus no púlpito é o parâmetro de Deus para a igreja local.

    Todo alinhamento hermenêutico é forjado neste momento: onde o povo reunido, congregado recebe a palavra pastoral no púlpito da sua igreja pela vida do seu pastor.

    Terceirizar esse ofício é promover confusão na irmandade.

    Eu não faço críticas ao ministério da pregação, pois também sou um pregador, pela misericórdia do Senhor.

    A minha proposta aqui é refletirmos sobre o quanto que as nossas igrejas têm recebido de seus devidos pastores, ou se cada dia tem uma voz distinta no uso do púlpito – e por que não dizer: às vezes, até contraditórias (o pregador da semana pode ser discordante do pregador do domingo).

    O gabinete pastoral é um anexo ao púlpito, onde o pastor vai tratar situações particulares.

    Mas não é substitutivo! A igreja precisa receber do pastor a exposição bíblica.

    Ali o Espírito Santo trabalha trazendo unidade e comunhão, fortalecendo a congregação em torno do pão vivo que desceu dos céus.

    Evidentemente, isso requer zelo: a) para com a comunidade de fé, e b) para com as Santas Escrituras.

    “Ninguém detém, é obra santa” entoava o louvor.

    E o inimigo tem achado lacunas para trazer discordância, inimizades, porfias.

    Não se trata de anular o ministério dos pregadores, mas de dosar.

    Comer em um restaurante é ótimo, mas, o que de fato sustenta, é a deliciosa comida caseira de todo dia, no aconchego do nosso lar.

    Não tenha medo, amado pastor: abra a Bíblia e exponha a Palavra de Deus no púlpito da sua igreja.

    Quanto mais você fizer isso, menos tempo no gabinete pastoral vai precisar.

    A igreja será nivelada na Palavra e o nome do Senhor será glorificado.

    Como disse Lutero quando foi aplaudido pela Reforma Protestante: “Eu não fiz nada, a Palavra é que fez tudo”.

     

    Daniel Ramos (@profdanielramos) é professor de teologia deste 2013 pela EBPS (Assembleia de Deus em Belo Horizonte).

    Graduado em Teologia pela PUC Minas (2013), pós-graduação em Gestão de Pessoas pela PUC Minas (2015), especialista em Docência em Letras e Práticas Pedagógicas pela FACULESTE (2023) e Licenciatura em Letras Português-Inglês pela UNICV (2024).

    Membro da Assembleia de Deus desde a infância, conferencista e autor do livro didático: Curso de Teologia Vida com Propósito (2024).

    * O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

    Leia o artigo anterior: Santo de casa não faz milagre!

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    Fonte: Guiame